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  • Foto do escritorDr Rodolfo Weidmann

Que tipo de Artrite é a minha?

Muito comum o diagnóstico de artrite. Porém toda artrite é igual? Há diferença se ocorrer uma ou mais de 10 artrites ao mesmo tempo? Tem diferença se ela acomete as pequenas articulações da mão ou grandes articulações do corpo? Essas diferenças podem explicar diferentes diagnósticos ou não? São muitas dúvidas que pretendo começar auxiliar você.


Primeiro: O que tenho é Artrite?

Artrite é a denominação que damos quando na articulação há sinais inflamatórios além da dor somente, como calor, rubor ou vermelhidão, aumento do volume e disfunção articular devido esta resposta inflamatória. Quando a articulação apresenta somente dor articular, chamamos de Artralgia. Esta última é muito inespecífica, em comparação a artrite que podemos classificar como um ente clínico em particular, visto que o estudo de suas características irá fornecer informações muito importantes que auxiliarão no diagnóstico. Uma destas características que podemos obter avaliando a artrite é de acordo com o padrão de envolvimento articular.

Apesar da dor se localizar sobre a região de uma articulação, nem todas as vezes a origem dela é articular. Podemos ter o acometimento periarticular que pode mimetizar quadros articulares. Quando ocorre as estruturas envolvidas são os tendões, bursas, ossos ou músculos e há alguns pontos que diferem, como a dor focal desencadeada por movimentos ativos e raramente edemaciada, distinguindo de quadros puramente articulares. E há dores que não são nem articulares e periarticulares, que podem ser irradiadas de outro sítio ou devidas a uma disfunção da interpretação e resposta da dor como na Fibromialgia.


Segundo: minha artrite é axial?

Outro conceito é compreender a localização da sua artrite, já que as doenças apresentam padrões de acometimento articular. Quando falamos em “artrite axial” estamos falando de articulações que integram a coluna, articulação sacroilíaca, esternoclavicular, manubrioesternal e outras estruturas da parede torácica e, as vezes, dos ombros e quadris. Muito importante em pacientes com quadro periférico avaliar presença de quadro axial associado. Alguns grupos de doenças, como Gota, Lúpus e Síndrome de Sjogren raramente afetam o segmento axial, outras há um padrão combinado. Alguns exemplos de acometimento axial é a Osteoartrite de coluna, Hiperostose Idiopática Esquelética Difusa, Espondilite Anquilosante, Artrite Psoriásica, artrite reativa e Síndrome SAPHO.


Terceiro: tenho acometimento articular periférico?

Quando o grupo de articulações afetadas não se enquadra no esqueleto axial, o grupo que as compõe é o periférico. Porém o envolvimento de algumas articulações pode se associar com as fases iniciais de algumas doenças ou grupo de doenças, facilitando o processo diagnóstico. Alguns exemplos clássicos:

· Envolvimento de articulações grandes e pequenas de forma bilateral e simétrica é muito comum com diagnóstico de Artrite Reumatóide.

· Quando há o envolvimento inflamatório exclusivo das articulações interfalangianas distais (aquelas mais próximas do leito das unhas) avaliamos que o diagnóstico pode ser uma osteoartrite nodal (nódulos de Heberden) ou Artrite Psoriásica.

· Dor proximal grave e limitante da região do pescoço, ombros e glúteos com poucos achados objetivos em pacientes idosos faz a interrogação do diagnóstico de polimialgia reumática.

· Acometimento bilateral dos ombros com aumento expressivo de seu volume (sinal da ombreira) é muito típico da artropatia por amiloide.

· Acometimento exclusivo da podagra (que é a articulação da base do 1º dedo dos pés) com uma intensa resposta inflamatória é característico de ataques agudos de Gota.


Quarto: o número de articulações acometidas muda de acordo doenças?

Sim! Tanto que a avaliação da quantidade de articulações afetadas faz parte da avaliação inicial para classificarmos a manifestação e auxiliar no diagnóstico. Quadro que apresenta somente uma única articulação afetada denominamos de “monoartrite”. Esta situação deve ser avaliada imediatamente, por ser uma urgência reumatológica, visto necessidade de exclusão de um quadro de artrite séptica (aquela causada por infecção). Casos de monoartrite a conduta deve passar pela artrocentese, isto é, pela retirada de líquido do interior da articulação para análise. Outro dado importante é a história clínica deste paciente, sintomas associados auxiliando na avaliação do quadro infeccioso ou de outros quadros como Gota. Quando o acometimento é de duas a quatro articulações, chamamos de “oligoartrite” e quando há cinco ou mais articulações inflamadas, denominamos de “poliartrite”. Entre as doenças com acometimento múltiplo articular destaca-se a artrite reumatóide, doenças por depósitos de Cristais, artrites relacionadas a doenças do tecido conectivo e febre reumática.


Quinto: A sequência de envolvimento articular influência no diagnóstico?

O envolvimento clínico das articulações pode seguir três grandes padrões:

· Padrão aditivo: refere-se quando o envolvimento de novas articulações ocorre, enquanto as articulações anteriormente acometidas continuam sintomáticas. Exemplos clássicos é a Osteoartrite poliarticular, Artrite Reativa e Artrite Reumatóide.

· Padrão migratório: significa que o processo de inflamação articular acaba em uma articulação enquanto simultaneamente ou imediatamente começa em uma articulação anteriormente afetada. Febre reumática é um grande exemplo deste padrão.

· Padrão interminente: caracterizada por períodos sintomáticos articulares e períodos de remissão, ou seja, sem nenhum sintoma, até um novo período sintomático. Artrite por depósitos de cristais como Gota e Febre Familiar do Mediterrâneo.


Sexto: Com estas informações já fecha meu diagnóstico de artrite?

As informações classificatórias acima auxiliarão seu médico para iniciar a busca diagnóstica e auxiliara, e muito, o paciente ter uma noção melhor do que está ocorrendo com ele e buscar auxílio. O objetivo não é para o paciente fechar seu próprio diagnóstico, mas ter ferramentas suficientes para quando passar por uma avaliação com seu reumatologista saber questioná-los e compreender um pouco melhor o “vocabulário médico” que será usado na consulta!



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